O
MELHOR REMÉDIO
Ledo engano. Os meus filhos não só me amam, mas me respeitam e riem comigo. Nenhum me causou desgosto ou me fez passar vergonha. Há entre nós amor incondicional. E esse amor, essa cumplicidade, não é apenas em relação aos que saíram de mim, foram gerados no meu ventre, mas e também àqueles que se tornaram filhos quando passaram a fazer parte de nossas vidas, minha nora, meu genro e também as minhas amadas netas. O amor é expansivo, se você permitir ele cresce. Primas, primos, sobrinhas e sobrinhos, nascidos nessa lúdica experiência da vida em família, sabem que sorrir e amar são determinantes na minha vida.*Imagem:pt.deposiphotos.com.
É de família mesmo. A minha mãe, quem a conhece sabe: é mais um belo motivo para meu riso. Quero envelhecer assim como ela: perde um amigo, mas não perde a piada. Com minha filha sinto-me renovada e repaginada quando escuto a sua gargalhada. E vejo como somos parecidas. Ela, tão séria em seu trabalho e, tão sorridente em sua vida familiar e entre amigos. Isso me deixa especialmente feliz, pois sempre agi com responsabilidade, mas sempre sorri, gargalhei muito. *Imagem:picosderoseira.blogspot.com.
Quanto ao meu filho, fechado para quem o vê superficialmente, é capaz de deixar o sorriso iluminar seu lindo rosto com as minhas brincadeiras, ficando vermelho de rir. A neta mais velha se parece com o pai. Séria. Mas não dispensa uma brincadeira quando é avó que puxa o saco de risadas.. A neta mais nova, a nora e o genro são adeptos da alegria, gostam da minha bagunça.*Imagem: not1.xpg.uol.com.br.
É com muita saudade, mas
sem tristezas, que me lembro do exercício de minhas funções nas repartições por
onde passei. Foram trinta e dois anos de trabalho. Meu Deus, como foi
divertido. Como sorri, ri, fiz amigos, vivi. Tenho a absoluta certeza – estou
bem de autoestima – que onde trabalhei
levei meu sorriso como um direito natural. Através dele senti melhorar as relações interpessoais no trato diário. Vi diminuírem as desavenças, brotar mais espontaneidade e união. Sorrir é para mim um dom, uma fantástica magia para mútua ajuda em
momentos difíceis.* CréditoImagem:www.canstockphoto.nl.
Sempre ouvi falar dos
benefícios do riso. Rotineiramente alguém falava sobre pessoas que gostavam de
rir, estabelecendo laços e monopolizando atenções. Influência ou não de tais
informações, tornei-me uma criatura sempre disposta a dar boas risadas. Encontrar
motivos para rir, foi muito natural em minha vida. Assim, fui crescendo e
fazendo amigos. Lembro, perfeitamente,
que na escola, mesmo sendo tranquila, calada, quando chegava a hora de brincar,
sentir-se livre, sorrir, ninguém me
segurava. A autoconfiança me fazia esquecer o olhar de censura das irmãs e, também, de algumas colegas que não conseguiam ser crianças.*Imagem:terraderusblogs.
Ah se elas soubessem o que
eu sabia. Nasci numa cidade, a época, linda e progressista. Santa Rita, também conhecida como a Princesa dos Canaviais. Cresci numa casa cheia de luz, música, risos e amor. Nesse ambiente,
sendo, exatamente, a filha do meio, tendo um casal de irmãos mais novos e um
casal mais velho, algumas vezes fiquei sem saber onde me enquadrar. Ouvia
frases do tipo: vocês já são crescidos podem ajudar, isso com relação aos
três primeiros e/ou, vocês são pequenos, precisam dormir cedo. Eu, confusa, cheia de dúvidas: era grande ou pequena? *Imagem:victorblogmoi.wordpress.com.
As observações quanto ao meu
desenvolvimento faziam com que eu não conseguisse encontrar o meu lugar, esperta, saía de
mansinho e ria, ria muito, achando que adulto não funcionava muito bem. Coisas de criança. Graças
a Deus tenho excelentes lembranças de
risos em minha casa, da alegria e da saudável convivência com meus irmãos,
nossos parentes, nossos amigos e amigas.*Imagem:jessicaozias.blogspot.com.
Mas não era apenas dentro
de casa que havia desentendimento quanto a minha condição. Lembro que
brincávamos na praça, correndo em bicicletas, pulando corda, cantando as
músicas nas rodas: brincadeiras da época. Uma senhora, amiga de minha
mãe, numa ocasião à tarde, me censurou porque eu estava uma mocinha e brincava
de pular corda com as meninas, na praça, em frente à nossa casa. *Imagem:livrariacorrecutia.com.br
À noite, toda feliz, fui para o terço na matriz e usei,
com muito orgulho, um "tamanquinho" alto, dourado, comprado sob encomenda, pela
querida Zilda. Aí quase entro em parafuso. A senhora me chamou e disse que eu
era “enxerida”, pois era uma criança e queria ser uma moça. O jeito foi rir e
sair correndo para não ser mal educada. *Imagem:umagarotaadolescente.
Em minhas relações
familiares, fora da casa paterna, sempre fui muito cordata, tipo boazinha e
sorridente. Isso rendeu o carinho de muitos de meus parentes. Se eu não nascera
gênio, linda, maravilhosa, com certeza fora concebida num momento de muita
espontaneidade, humor e amor, pois
sorrir é uma
característica pessoal e que faz a diferença até hoje. Tem mais, do sorriso ao
riso, o caminho não é muito longo, entretanto, revela como funciona a minha
propensão à viver com alegria.*Imagem:caixaderetalhos.com.br
Muitas situações foram
superadas com um sorriso. Lembro que minhas irmãs eram lindas. Destacavam-se:
uma por ser morena cor de jambo, dona de um lindo rosto e belas pernas; a
outra, logo na apresentação, abria sobre as visitas, olhos castanhos, grandes,
maravilhosos, adornados por longos cílios que pareciam uma cortina de veludo, tudo isso num
rosto de anjo; com o tempo, passou a ter, também, belas pernas. As visitas faziam um ar sofrido e
diziam: as meninas mais velha e mais nova são lindas, a do meio, é muito boazinha.*Imagem:kariseroberta.blogspot.com.
A princípio fiquei meio
sem graça com as visitas. Depois o bom
humor dominou a chateação e, eu achava a maior graça. Ria a valer da expressão que
elas faziam para dizer algo que compensasse a “ausência da minha beleza”. Era um
esforço constrangedor para elas que, visivelmente, se afligiam; me dava a maior vontade de dizer-lhes que na
minha casa tinha espelho e eu me achava bonita. Mais uma vez encontrei motivos
para rir.*Imagem:dreamstime.com.
Por outro lado, o sorriso
também me trouxe a admiração dos meninos. Eu não era boba. Ria muito, mas não
era só isso. A vaidade natural às adolescentes foi, caprichosamente, cultivada
por mim. Nas festinhas conversava muito, assunto não faltava. Vestia-me para
estar bem aonde quer que eu fosse. Dançava,
ria, sempre ouvia elogios e tititi sobre o meu sorriso. Ria, ainda mais e
disfarçava, mudando o rumo da conversa para que as pessoas não
percebessem, na dança, um interesse que despertasse a malícia dos outros. *Imagem:mauriciorodrigues1984.blogspot.com.
Comecei a namorar.
Continuei rindo e o riso deu origem a outro sentimento. Conheci o monstrinho de
olhos verdes – o ciúme. Lembro um namorado que ficava possesso quando eu ria...
. Quanto mais raiva ele mostrava, mais vontade eu sentia de rir no contato com
nossos amigos e amigas. Outro censurava meu riso, afirmava que eu ria e não
sabia o que se passava na mente das pessoas. É claro que isso jamais afetou o
meu humor, rindo, chorando ou brincando, mesmo se eu
quisesse, não leria a mente das pessoas e jamais me sentiria responsável por
pensamentos negativos. *Imagem:pt.123rf.com.
E a vida foi seguindo seu curso. Sorrir me fez conquistar amigos, estreitar laços, espalhar alegria. No meu lar, com meus
filhos, um casal, fui séria quando precisava, mas nunca desperdicei a oportunidade de uma
boa risada. Continuei pertencendo “a turma das boazinhas”. O nosso relacionamento, mãe e filhos, sempre
pautado no amor, no respeito e na tolerância, sem excessos. Recordo que uma
colega de repartição – estilo durona – dizia,
diariamente, que os meus filhos quando
crescessem jamais me respeitariam e iriam bater em mim, pois eu era muito mole, muito "besta"
e sorria demais para eles. *Imagem:esposaemaeorando.blogspot.com.
Ledo engano. Os meus filhos não só me amam, mas me respeitam e riem comigo. Nenhum me causou desgosto ou me fez passar vergonha. Há entre nós amor incondicional. E esse amor, essa cumplicidade, não é apenas em relação aos que saíram de mim, foram gerados no meu ventre, mas e também àqueles que se tornaram filhos quando passaram a fazer parte de nossas vidas, minha nora, meu genro e também as minhas amadas netas. O amor é expansivo, se você permitir ele cresce. Primas, primos, sobrinhas e sobrinhos, nascidos nessa lúdica experiência da vida em família, sabem que sorrir e amar são determinantes na minha vida.*Imagem:pt.deposiphotos.com.
É de família mesmo. A minha mãe, quem a conhece sabe: é mais um belo motivo para meu riso. Quero envelhecer assim como ela: perde um amigo, mas não perde a piada. Com minha filha sinto-me renovada e repaginada quando escuto a sua gargalhada. E vejo como somos parecidas. Ela, tão séria em seu trabalho e, tão sorridente em sua vida familiar e entre amigos. Isso me deixa especialmente feliz, pois sempre agi com responsabilidade, mas sempre sorri, gargalhei muito. *Imagem:picosderoseira.blogspot.com.
Quanto ao meu filho, fechado para quem o vê superficialmente, é capaz de deixar o sorriso iluminar seu lindo rosto com as minhas brincadeiras, ficando vermelho de rir. A neta mais velha se parece com o pai. Séria. Mas não dispensa uma brincadeira quando é avó que puxa o saco de risadas.. A neta mais nova, a nora e o genro são adeptos da alegria, gostam da minha bagunça.*Imagem: not1.xpg.uol.com.br.
Não é que a vida me pregou
uma peça gostosa, deixando no meu rosto um sorriso de um lado ao outro! Estava
eu bem quietinha e tranquila. Certa de que a minha carreira amorosa já estava
devidamente encerrada e, vejam só: eis que de repente, sem alarde, sem luar,
sem violão mas, com direito a passeio na orla, show no Centro Histórico, feira
de artesanato, jantares olhando a lua refletir sua luz sobre o mar e outros programas
compatíveis com a situação, surge um
amor para embalar a famosa meia idade. *Imagem:www.minasfoco.com.
Aos que não acreditavam no
romance, só podemos contrapor nove anos com amor, dedicação, cumplicidade e claro, muito
riso. Pensar que levei mais de meio século para encontrar um outro amor, que me levasse a renunciar ao meu status de "dona absoluta de meu nariz", faria
rir até um frade de pedra, ante a incompetência demonstrada. Só rindo para
encarar.*Imagem:camilagatta.blogspot.com.
Para mim, trabalhar fora de casa
nunca foi apenas sobrevivência digna, me manter e aos meus filhos. Muito mais
que isso, foi um aprendizado prazeroso, diário e ininterrupto. As relações
humanas no trabalho representaram inesgotáveis fontes de contribuição para a
minha realização pessoal e profissional. Aprendi muito com elas e eles. *Imagem:carreiras.empregoscom.br
No ambiente profissional
algumas pessoas tornaram-se marcantes em minha história. Uma delas, que
considero uma irmã, ganhou, desde os primeiros meses, a minha total admiração,
por sua absoluta habilidade de bem administrar o salário miserável pago pelo
Estado da Paraíba e, além disso, ter excelente senso de humor. Muitas vezes ri
lembrando as hienas. Corajosas! São feias de doer, fazem sexo uma vez por ano,
alimentam-se de restos de outros animais – carcaças – e, mesmo assim riem... riem... riem.*Imagem:nossojor.br.
Outros e outras colegas me
conquistaram por suas atitudes, tendo sempre uma palavra amiga, um gesto
afetuoso, uma mensagem de amor e paz. Alguns gostavam de rir e me faziam
sentir em casa. Os que destoavam foram desafios e contribuíram, mesmo sem
querer ou saber, ora para fazer subir minha pressão, ora para exercitar a verve, ora
para mostrar o que eu nunca deveria dizer ou fazer, contra quem quer que fosse. *Imagem:economia.uol.com.br.
Ao longo dos anos concluí: os
que pensam e agem como nós, nos completam, mas não nos desafiam; os divergentes nos obrigam a pensar, nos instigam a ser cada vez mais fiéis
aos nossos sentimentos, aos nossos ideais, à formação que recebemos. Sorrir, respeitar e ter cuidado no trato diário com os demais, produz milagres. Incentivar os inseguros nos deixa muito mais conscientes e certos de sermos partes de algo muito maior: o universo, que conspira a nosso favor. No conjunto
da obra uma certeza, como cita Fernanda, minha doce sobrinha: Ser feliz é uma
obrigação diária.