Quem sou eu? O que faço

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João Pessoa, Paraíba, Brazil
Quem sou? O que faço. Sou Maria de Lourdes, tenho, agora, 62 anos, esposa, mãe e avó, formação jurídica, com pós graduação em Direitos Humanos e Direito Processual Civil, além de um curso não concluído de Filosofia. Conheci os clássicos muito cedo, pois não tinha permissão para brincar na rua. Nosso universo – meu e de meus irmãos – era invadido, diariamente, por mestres da literatura universal, por nossos grandes autores, por contistas da literatura infanto-juvenil, revistas de informação como Seleções e/ou os populares gibis. Todos válidos para alimentar nossa sede de conhecimento. Gosto de conversar, ler, trabalhar, ouvir música, dançar. Adoro rir, ter amigos e amar. No trabalho me realizo à medida que consigo estabelecer a verdade, desconstruir a mentira, fazer valer direitos quando a injustiça parece ser a regra. Tenho a pretensão de informar, conversar, brincar com as palavras e os fatos que possam ser descritos ou comentados sob uma visão diferente. Venham comigo, embarquem nessa viagem que promete ser, a um só tempo, séria e divertida; suave e densa; clássica e atual. Somente me acompanhando você poderá exercer seu direito à críticas. Conto com sua atenção.

quarta-feira, 23 de setembro de 2015

DO NUNCA MAIS AO ETERNO RETORNO

OU TUDO COMO DANTES NO QUARTEL DE ABRANTES



Título e subtítulo para lá de estranhos. Principalmente, se você leitor tiver menos de 40 (quarenta anos). Bom, o primeiro deles nos remete ao livro do Professor Luciano Oliveira, Sergipano, radicado em Pernambuco, Doutor em Sociologia e Professor da UFPe, que nos conduz para uma reflexão sobre a tortura e, ainda,  ao conceito filosófico de Eterno Retorno, proposto por Nietzsche, segundo o qual “A perene ampulheta do existir será sempre virada novamente – e você com ela, partícula de poeira!”* Há na proposição o fatalismo,  enquanto constatação e  conduta, que subjuga e constrói o niilismo. 
*Fonte:http://razaoinadequada.com -**Imagem:acasadevidro.com.


A segunda sugestão, menos acadêmica e mais ao gosto do povo, remonta ao século XIX, significando, de forma irônica, que “nada mudou”. A expressão parece ter surgido a partir da conquista do castelo de Abrantes, por Jean-Andochet Junot, enviado de Napoleão Bonaparte para invadir Portugal. Uma vez conquistado o castelo, situado numa posição estratégica, se prepara para a tomada de Lisboa. Mesmo decorridos cinco dias, o emissário de D. João VI, continua, dia a dia, a informar: ” tudo como dantes no quartel de Abrantes.” Sua informação, confirmando uma normalidade  inexistente, configurou-se irônica e a vitória sobre o castelo valeu a Junot o título de duque de Abrantes. *Fonte: Wikipédia. *Imagem: blogue de alvaromendes.

Seria bom demais se o título não guardasse qualquer vínculo com o texto. Algo bem surrealista, ditado tão somente por declaração vazia de contextualização, irrefletida, natural, surgido do subconsciente, sem prender-se a nada, como se não existissem razões e ou regras que sugerissem conexões entre o que se anuncia e aquilo que será explanado. Aqui o título e subtítulo guardam total coerência com o discurso ora em construção. Infelizmente “o eterno retorno” a que me refiro é sobre o fato de que mudam os endereços, as pessoas, as formas de captação e cooptação, mas a natureza criminosa das ações e os objetivos espúrios permanecem os mesmos. *Imagem: buscaderazão.blogspot.com


 A repetição e proliferação de corruptos e corruptores é tamanha que sugere a existência de uma “cartilha pro corrupção”, naturalmente pensada na calada da noite, regada a álcool e tantas outras drogas quanto possíveis, concebida na associação de indivíduos afins, em ambientes luxuosos, com a coautoria de personagens marcantes, tudo, de modo a não perder um só cidadão que se mostre, na teoria ou na prática, com aptidão à fraude.  Tudo executado com precisão acadêmica. *Imagem: folhadetucurui.blogspot.com


Há uma terrível nuvem pairando sobre nossas cabeças. Farto material para a composição de um terreno extremamente perigoso e incentivador à transgressão de Direitos. Palavras de ordem como normatização jurídica, constitucionalidade, moralidade, ética, são diuturnamente confrontadas e perdem força ante a reiteração, quase compulsiva, de crimes contra o erário. *Imagem: colegiofanciscocarneiromartins.blogspot.com


Não há como ignorar. Vivemos um momento desalentador. O Brasil arrasta-se de pires nas mãos, caindo na avaliação como pagador e escoando ralo abaixo a mínima perspectiva de crescimento. Uma inovação foi pensada por mentes brilhantes: Proposta de Orçamento Negativo,  enviada ao Congresso para o ano de 2016.  Carrega, desde o   seu nascedouro, um déficit num valor de R$ 30,5 bilhões. Isso, conjuntamente com uma indigesta projeção de alta do PIB em apenas 0,2% para o ano vindouro. Não fosse suficiente, a magistral sugestão é defendida como sendo uma proposta transparente, cristalina, verdadeira e ética... *Imagem: investimentovalor.blogspot.com


Deixemos detalhes técnicos para os especialistas. Tratamos de constatações, indignações, certezas e incertezas. As mídias, falada, escrita, televisiva, bem como pessoas do povo, homens e mulheres, em quaisquer lugares que estejam, até mesmo nas mesas de bares, antes palco de noitadas filosóficas, hoje  registram a crise, a corrupção, a desesperança. A divagação perdeu seu espaço. Nas Igrejas os celebrantes repetem uma oração pelos governantes: pedem a Deus que os oriente, isso, publicamente; talvez, em suas preces silenciosas, peçam equilíbrio para que façam o que precisam fazer e se abstenham daquilo que não deveriam. * Imagem: devocionaiscmv.blog.spot


Profusos nos problemas, criativos na hora batismal. Convivemos com “Propinoduto, Operação Anaconda, Mensalão, Valerioduto, Dólares na Cueca, Mensalinho, Operação Lava Jato e suas fases – Clube do Bilhão, Juízo Final, My Way, Que País é esse? A Origem, Erga Omnes, Conexão Mônaco, Radioatividade, Pixuleco, Pixuleco 2 e a significativa Nessum Dorma.”  A sociedade brasileira vive uma época de escândalos ininterruptos. Também vivência uma situação nova, nunca nesse País se viu o Ministério Público e a Justiça, alcançarem pessoas com o status que ora vemos. *Imagem: www.musicclub.eu


 A trancos e barrancos, Mesmo assim, evoluímos. Quando, a não ser na nossa história recente, vimos membros de altos escalões administrativos, Titulares de Ministério, Políticos integrantes do Senado e da Câmara Federal, Empresários da elite financeira, Diretores de Empresas Publicas e Privadas, sob a mira do Ministério Público, da Justiça e da Polícia Federal? Com toda a certeza há um avanço extraordinário e, aparentemente, sem volta. Um acontecimento novo na sociedade brasileira.* Imagem:kdfrases.com


E não se credite tais progressos ao Poder Executivo ou ao Legislativo. Pelo menos no contexto atual, não há essa disponibilidade nesses Poderes. Os louros cabem ao Ministério Público e ao Poder Judiciário. Claro, que em qualquer dessas esferas também se pode excluir indivíduos. Mas, caminhemos. Cada um com sua consciência, cidadã ou não. Uma certeza nos atinge. Seja qual for o tamanho do problema, do déficit, da crise, da rede de corrupção ou mesmo o valor dos bilhões resultantes da gastança administrativa, capitaneada pelo Governo Central, a conta será paga pelo povo. *Imagem: jornalismob.com



Ao cidadão comum caberá: a obrigação de entender por que a Presidente, em nove meses de Mandato, mudou três vezes a sua equipe de articulação política; discernir como o Congresso deverá votar PAUTAS BOMBAS - medidas propostas por Dilma: se demonstrando força com a derrubada de seus vetos, assumindo a carapuça de votar contra a Nação, ou não; finalmente, tornar-se, cada brasileiro adulto,  um matemático genial com fórmulas mágicas para eliminar o déficit, gerar receita – preferencialmente sem a famigerada CPMF e, finalmente, acreditar que o governo age corretamente, tem postura direcionada para eliminação da crise, de forma ordenada e uníssona,  merecendo confiança e credibilidade.*Imagem: tv.estadão.com.br


A atualidade do povo brasileiro transformou-se numa Caixa de Pandora, cuja abertura libertou todos os males modernos, aprisionando a esperança quando fechada de forma abrupta em face da ruptura de um reiterado ilusionismo. Ao que parece estamos mergulhados até a alma no fatalismo da ampulheta proposto por Nietzsche. *Imagem: cacopolis.tumbir.com


Todavia uma teimosia saudável, permite acreditar que cidadãos como o Juiz Federal Sérgio Moro, integrantes da Magistratura e do Ministério Público, especialmente o Dr.  Rodrigo Janot, todos, como o histórico comandante Francês Jean-Andochet Junot, conquistarão, senão o quartel de Abrantes, cidadelas nacionais nunca dantes conquistadas, em terrenos férteis e com senhores extremamente poderosos.  O Brasil precisa disso. Na Política não pode haver lugar para trapalhadas, corrupções, maquiagem e representantes do povo às cegas em busca de uma panaceia qualquer. *Imagem: capitaldopantanal.com.br