Quem sou eu? O que faço

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João Pessoa, Paraíba, Brazil
Quem sou? O que faço. Sou Maria de Lourdes, tenho, agora, 62 anos, esposa, mãe e avó, formação jurídica, com pós graduação em Direitos Humanos e Direito Processual Civil, além de um curso não concluído de Filosofia. Conheci os clássicos muito cedo, pois não tinha permissão para brincar na rua. Nosso universo – meu e de meus irmãos – era invadido, diariamente, por mestres da literatura universal, por nossos grandes autores, por contistas da literatura infanto-juvenil, revistas de informação como Seleções e/ou os populares gibis. Todos válidos para alimentar nossa sede de conhecimento. Gosto de conversar, ler, trabalhar, ouvir música, dançar. Adoro rir, ter amigos e amar. No trabalho me realizo à medida que consigo estabelecer a verdade, desconstruir a mentira, fazer valer direitos quando a injustiça parece ser a regra. Tenho a pretensão de informar, conversar, brincar com as palavras e os fatos que possam ser descritos ou comentados sob uma visão diferente. Venham comigo, embarquem nessa viagem que promete ser, a um só tempo, séria e divertida; suave e densa; clássica e atual. Somente me acompanhando você poderá exercer seu direito à críticas. Conto com sua atenção.

domingo, 19 de abril de 2015

HANSENÍASE E CRIMINALIZAÇÃO DE UMA DOENÇA

 ALIENAÇÃO PARENTAL III


A expressão Alienação Parental parece ter criado força, na medida em que saiu das “quatro paredes”, para ganhar as salas, as ruas, as mídias, as varas e tribunais. O que era rotineiramente enquadrado na "tolerância", tornou-se o calcanhar de Aquiles para pretensos donos da razão. * Imagem: fb.com./cnj.oficial


Repetidas vezes se falou sobre a assustadora atitude que denota, acima de tudo, indiferença pelo sentimento que alguém nutre por seu parente. Entre as ocorrências mais comumente encontradas, constata-se que o emaranhado de situações para a prática do afastamento de crianças e adolescentes, de seus entes queridos, assemelha-se a requintados roteiros que versam sobre torturas físicas e/ou psicológica.* Imagem:nelcigomes.jusbrasil.com.br


O que se vê é, quase sempre, o cometimento de profundas injustiças praticadas em nome de pseudos cuidados, escolhas erradas, amor próprio ferido, amargura, desejo de castigar o outro, ignorância, crueldade... Ora, as separações entre casais não geram ex-pai, ex-mãe, ex-família. Essas colocações absurdas não deveriam ter espaço na sociedade. Entretanto, muitos se divorciam de seus cônjuges e levam consigo a idéia de que  o "divórcio" é extensivo aos filhos, aos familiares de um modo geral. *Imagem: infodireitoblogspot.com.

Nessa seara equivocada da "leitura" do término da relação conjugal, surge o Estado como o ente "apto" a restabelecer a "verdade" e o "direito". É certo que, no presente, essa atuação tem corrigido erros de posturas parentais, muito mais pela verve de Operadores do Direito  do que através da Legislação. Até porquê, as leis não possuem, por si só, força para mudar os costumes.*Imagem: newxereta.blogspot.com.



E o que dizer sobre a Alienação Parental praticada pelo Estado? Infelizmente houve no Brasil,  entre os anos de 1924 a 1962, a criminalização da Doença de Hansen para fundamentar o asilamento compulsório (internação obrigatória) dos doentes,  e bem assim,  a atribuição oficial de suposto delito que autorizava a perda do Pátrio Poder sobre os filhos dos paciente, de forma imediata, sem processo ou atos que a ele se assemelhasse. * Imagem: pt.slideshare.net.

Os antigos hospitais-colônias eram caracterizados como se fossem "DEPÓSITOS DE CONDENADOS", controlados e disciplinados por estruturas que impunham a auto fiscalização, a delação de companheiros, prisões, delegacia, polícia..., tudo no âmbito físico daqueles e, nos quais os doentes eram levados a assumirem as funções de cada cargo. Nada era escondido, exceto aquilo que podia ser tramado entre quatro paredes e não se exteriorizava visualmente. A gravidez não ocorria sem ser notada, vigiada e "punida". 



Assim, inspiradas que foram em práticas constituídas por prisões e isolamento dos contaminados, a Política de Governo do isolamento nas colônias produziram dor e horror não só em relação aos doentes, mas e também quanto ao destino dos chamados "filhos sadios dos Lázaros". Imagem: br.monografias.com.


Como se não ditasse a história de vidas, a   distância entre a norma  e sua  correta aplicação, propiciou, oficialmente, a manutenção do encarceramento de pais e o afastamento de filhos, mesmo após ter sido abolido pelo Decreto 968 de 7 de maio de 1962,  se estendeu, por período diverso, de Estado para Estado da Federação. Cada ente federativo administrou a Legislação ao seu bel prazer sob o beneplácito do Governo Federal, que permaneceu silente até a década de 1980."* Imagem: www.noticiasdeitauna.com.br


A separação de pais e filhos, trazia a reboque a desqualificação dos primeiros e a construção preconcebida de que eles, os filhos,  eram talhados para o fracasso em razão de suas origens. O uso de bonecas, com dedos cortados numa terrível alusão as deformidades; a pressão psicológica exercida sobre os pequenos, quanto a contaminação pelo contato "nocivo" com os pais; o registro e visibilidade para o mundo exterior com a conotação de ninhadas; o desprezo e o declarado preconceito, tudo conspirava para que, além de separados, os filhos rejeitassem ou fossem totalmente afastados de seus pais, rompendo todo e qualquer vínculo afetivo.*Imagem: morhan.org.br.



Presentemente há, em justa efervescência, o GRITO DOS FILHOS SEPARADOS, numa fantástica mobilização que postula indenização pelos danos sofridos, por anos e anos de segregação, dor, humilhação e sofrimentos. Conta-se nesse movimento a verdadeira história daqueles que sofreram e sofrem, até o presente, as consequências físicas, psíquicas, morais e sociais de terem sido separados de seus pais, irmãos,familiares.*Imagem:filhosseparadoshansen.br.blogspot.com.



Por vezes surrados, torturados e desestabilizados emocionalmente, os filhos separados também foram continuamente doutrinados - sob todas as formas de coerção psicológica -   para verem em seus pais criaturas sub humanas, que não mereciam amor, carinho e reconhecimento de tão sublimes condições que são a Maternidade e Paternidade.*Imagem:valterbarcala.blogspot.com.



Ao criminalizar a Hanseníase, o País atribuiu  ao Hanseniano o status de prisioneiro. Ao fomentar o estigma de desclassificação do doente, estabeleceu uma condição de periculosidade social, anormalidade monstruosa e infâmia. Por último, ao privá-los do Pátrio Poder o Estado Brasileiro optou por  atitude e conduta social confusa de suposta prevenção sanitária. *Imagem. youtube.com



Assim  o Estado Brasileiro consumou um crime continuado ao desprezar relações familiares, destituir os filhos separados de qualquer ato de vontade própria, induzi-los ao desamor e esquecimento em relação a seus pais, habilitá-los apenas para setores básicos na sociedade. Desse modo,  tidos e havidos como filhos do pecado, marcados com o estigma Bíblico da mais medonha entre as  doenças, tornaram-se, para a sociedade - de um modo geral - sombras sociais, espectros de suas potencialidades, vítimas da Alienação Parental Institucionalizada.*Imagem: www6.ensp.fiocruz.br.


As imagens presas as retinas dos que foram separados, vagam pelos corredores de suas existências. Uma vez Criminalizada a doença, encarcerado o doente, vitimizados os filhos, após anos e anos de sofrimento não mais existe espaço para o silêncio. É hora de escancarar as portas do coração. A luta tem um quê de modernidade, paira no ar um novo projeto de vida impulsionado pela sensação do reparo, aliado ao desafio de conciliar dores e horrores do passado com o hoje, o aqui e agora, com a intimidade de cada um. *Imagem: crédito para Teresa Maia/DP/ D.A.Press.



A suscitação dessas expectativas positivas, aflora  nos indivíduos a sensibilidade e múltiplas emoções demonstradas nos gestos e na mudança de paradigmas. Os desesperançados de outrora são os guerreiros de hoje, anunciam conquistas importantes e sobretudo, exalam a sensação de vitória ante a probabilidade do reconhecimento das ilicitudes, contra si praticadas por um Estado opressor, que mesmo após a revogação da Legislação repressora nada fez no sentido de re-agregar valores familiares, recuperar lares e famílias.*Imagem: morhan.org.br.


Teresa Oliveira, Rodrigo Sottilli, Artur Custódio
Numa escala de valores sociais a liberdade postulatória, a proteção de arcabouço jurídico com amplas possibilidades, a esperança trabalhada na obtenção de justiça social,  o enfrentamentos dos medos da alma e o resgate da cidadania, fortalecem os Filhos Separados, interferem em suas imagens perante os demais, influenciam em suas vidas pessoais e profissionais, elevando a autoestima. *Imagem: morhan.org.br.



Livres das amarras opressoras, hoje o caminho é na trilha do Direito e na companhia dos Afetos.  Manter-se olhando para dentro, para o passado,  aprisiona mais que as instituições criadas para esses fins. Focar naquilo que lhes é de Direito, apontar um olhar futurista com vistas ao que lhes é devido faz a diferença na batalha dos Filhos Separados. *Imagem: compromisso consciente.blogspot.com.


SE QUISER LER MAIS A RESPEITO: ALIENAÇÃO PARENTAL




terça-feira, 7 de abril de 2015

AS FLORES EM NOSSAS VIDAS

FLORES QUE ENCANTAM



As flores perfumam a humanidade desde as mais remotas eras. Constituem-se, no aspecto emocional, em significativas referências  para o gênero humano. Os melhores e mais belos sentimentos iluminam os espíritos a partir da visualização de um campo florido, de um jardim primoroso, de um ramalhete bem montado, de uma flor solitária...O que dizer então da delicada floração da cerejeira?


Aos sensíveis pouco importa, no momento de sua inspiração, se o que vê é uma sofisticada orquídea, uma misteriosa tulipa, um lírio do vale, a romântica rosa, coloridas flores do campo ou mesmo a exótica "lágrima de Cristo". O perfume das flores e delas extraídos, fazem parte da evolução da humanidade. Do amassar de pétalas às mais extravagantes misturas de flores, às essências e os óleos escravizaram corações, perpetuaram amores, aveludaram corpos e camuflaram terríveis venenos. 



Elas, as flores, estão presentes nos imaginários paraísos, nos perfumes, no amor, na dor, na alegria, na tristeza, na música, nas joias, na literatura, na pintura, na poesia, no teatro, no cinema, na TV, nas comemorações, nas provocações, nos insultos e nos galanteios, na vida e na morte. As flores, com suas formas delicadas e frágil existência, povoam até a gastronomia, terreno onde, para muitos, significam estranheza.


A pintura, a poesia e a música são, talvez, as mais majestosas formas de se dar vida às flores, enquanto expressão de sentimentos, paixões, dores e amores. Os amantes percebem o perfume dos corpos amados,  exalados que são, do âmago de suas paixões, como se diante das mais raras flores. Tais criações representam a sensibilidade que cada um tem dentro de si. 



As flores motivaram ou emprestaram, suas formas e beleza, à geniais compositores. Desse emprestar nasceram  as mais belas letras de nosso cancioneiro. Presentes no cotidiano das pessoas, de forma marcante, elas são essenciais à perfumaria. Sonhos, aromas, lembranças e desejos, tudo isso e muito mais pode ser despertado por uma flor. E até nossos filhos e filhas, Narciso, Jacinto, Girassol, Rosa, Hortência, Margarida, tudo tem nome de flor



Quem não se emociona com o genial Cartola? "Queixo-me às rosas Mas que bobagem As rosas não falam Simplesmente as rosas exalam O perfume que roubam de ti, aí..." E o que dizer de "ROSA" de Otávio de Souza e Pixinguinha? "Tu és divina e graciosa Estátua do amor! Por Deus esculturada. E formada com ardor Da alma da mais linda flor  De mais ativo olor  Que na vida é preferida Pelo beija-flor." Dá até para sentir o perfume no ar.


Mas, não é privilégio apenas dos jardins bem cuidados, estruturados ou não, ostentar belas flores. Também não o é das fazendas dedicadas a esse cultivo, tão ao gosto atual. A beleza, as cores, o perfume e o encantamento  que a presença delas costuma repercutir na natureza humana, acontecem, repetidas vezes, quase que por acaso, nos locais mais diversificados e, até inimagináveis. Quem não tem curiosidade de chegar mais perto para ver " a flor do cacto" que nasce sobre íngremes lajedos?


A essa altura me surpreendo, ainda, por constatar que leiga no assunto, poderia falar, incansavelmente,  sobre flores . Lembrar que por vezes se apresentam em formas simples como a pequenina "carinho de mãe" ou rebuscadas, como a frágil "orquídea". Simbolizam e refletem um despertar para a magia e suavidade, que a natureza nos oferece. Podem significar momento ímpares de beleza e amor. Infelizmente, também enfeitam a dor, a saudade, o adeus... 


Há flores nas ruas, nos campos, nas calçadas, sobre pedras. Igualmente podem estar suspensas, cravadas na terra,  a descoberto, às escondidas, nas águas... Olhar, atentamente, a natureza, pode nos proporcionar gratas surpresas e belas imagens. Um verdadeiro deleite, aos espíritos  contemplativos, também está à disposição de distraídos transeuntes nas ruas. Parar, buscar, vasculhar com os olhos da alma pode nos proporcionar gratas surpresas, quem pode esquecer a floração dos ipês? A beleza dos Parques? Os tesouros que se escondem nas matas?


Mas, quem diria, as paredes, os portões, as janelas, uma garrafa, um cesto inservível, uma telha, um carro aparentemente descartado... qualquer objeto pode servir de amparo à explosão de belas flores. A imaginação, a natureza, andam de mãos dadas. Assim, colorida, livre, leve e perfumada é a ocupação dos espaços pelas flores. 


Mundo animal e vegetal se completam. Inegável a delicada simbiose dos pássaros com as flores. Como ficar imune ao hipnótico movimento do beija flor? Sua plumagem iridescente e o reflexo do brilho do sol sobre seu corpo? O ato de alimentar-se do néctar em pleno voo,  a polinização de outras flores potencializando o surgimento de novas plantas? Tudo num sincronismo de causar inveja a cérebros brilhantes. 


As flores também fazem parte do culto ao sagrado. É comum vermos imagens dos santos a que reverenciamos com adornos florais. Nossa Senhora é representada, muitas vezes, com o apelo visual e afetivo que envolve as flores.  Temos Nossa Senhora da Rosa Mística, com rosas que não só estão no seu nome, mas e também na figura utilizada em seu louvor.



As flores, belas ou não, com perfume, sem perfume, minúsculas, pequenas, grandes, gigantes,brancas, vermelhas, azuis, amarelas...pouco importa, são e serão sempre um capítulo há mais no universo dos sentidos.

A SEMPRE-VIVA
A  FLOR DO CACTO ENTRE ESPINHOS
O IPÊ BRANCO
A FLOR DO MARACUJÁ

O MIOSÓTIS, SÍMBOLO DA FIDELIDADE
O INESQUECÍVEL JASMIM VAPOR
O IBISCO
A DESCONCERTANTE ORQUÍDEA NEGRA
A  SUAVE AÇUCENA
TODAS ESPERAM E NECESSITAM. DE ÁGUA