Quem sou eu? O que faço

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João Pessoa, Paraíba, Brazil
Quem sou? O que faço. Sou Maria de Lourdes, tenho, agora, 62 anos, esposa, mãe e avó, formação jurídica, com pós graduação em Direitos Humanos e Direito Processual Civil, além de um curso não concluído de Filosofia. Conheci os clássicos muito cedo, pois não tinha permissão para brincar na rua. Nosso universo – meu e de meus irmãos – era invadido, diariamente, por mestres da literatura universal, por nossos grandes autores, por contistas da literatura infanto-juvenil, revistas de informação como Seleções e/ou os populares gibis. Todos válidos para alimentar nossa sede de conhecimento. Gosto de conversar, ler, trabalhar, ouvir música, dançar. Adoro rir, ter amigos e amar. No trabalho me realizo à medida que consigo estabelecer a verdade, desconstruir a mentira, fazer valer direitos quando a injustiça parece ser a regra. Tenho a pretensão de informar, conversar, brincar com as palavras e os fatos que possam ser descritos ou comentados sob uma visão diferente. Venham comigo, embarquem nessa viagem que promete ser, a um só tempo, séria e divertida; suave e densa; clássica e atual. Somente me acompanhando você poderá exercer seu direito à críticas. Conto com sua atenção.

quinta-feira, 24 de julho de 2014

E NO FUTEBOL?


Dormia a nossa pátria mãe tão distraída



Difícil abordar esse assunto. A Copa ficou para trás. Nossos sonhos também. Pois é, não há como ignorar. Perdemos. Não, não perdemos um jogo, a Copa ou uma competição esportiva, perdemos um padrão comportamental. Ficamos órfãos de uma certeza que habitava o coração de cada brasileiro, por mais cético que fosse. Tornamo-nos apenas mais um entre os países arrasados, humilhados, enxovalhados naquilo que é orgulho nacional.


O mais estranho nesse vexame é que “sabíamos”, há anos, que o nosso time estava pronto.  É. Pronto e acabado. Nada mais havia para ser feito. O nosso comandante, com todo o rigor e vigor que impunha aos seus comandados, jamais admitiu interferências de quem quer que fosse. A ótica do técnico coincidia com a de milhões de inocentes: “a seleção não necessitava reparos, adequação aos novos tempos”. O futebol, desde a Copa das Confederações, aparentemente, teria parado no tempo e no espaço, para ver a banda passar.


Pouco importa milhões de coração batendo a mil, o tum tum tum em descompasso, as lágrimas das crianças, o choro solitário dos que se envergonharam com a performance da seleção penta sem concorrentes no número de vitórias, em ocasiões semelhantes. Restou-nos um gosto amargo de decepção. A Pátria de chuteira caíra de quatro. Não que acreditássemos ter uma seleção melhor que a de 1998  quando, o sorriso amarelo de Ronaldo nos derrubou diante de uma arrasadora França com um fatídico 3 a 1.


Como imaginar tamanha tristeza? Como acreditar numa sucessão relâmpago de gols surgidos não da competência do rival, mas da indolência de nossos jogadores? Como explicar aos nossos netos que nossos heróis morreram todos e não foi por overdose?


Ah! Se tudo fosse como dantes quando a canarinha impunha respeito e certo temor; quando, por ser o Brasil o único País a participar de todas as Copas, nos sentíamos os donos da bola; quando jogar futebol era arte e os passes sucediam-se como mágica numa hipotética figura geométrica traçada pela genialidade dos jogadores. Que saudade daquele frenético vai e vem, onde o Brasil e os brasileiros pulsavam num só ritmo.


O passado não admite mudanças, nada nele pode ser removido. Graças a Deus, senão, quem sabe, poderíamos dormir penta e acordar a ver navios, indagando sob nossos títulos e recebendo  silêncio por  resposta. Não pensem que sou fantasiosa, jamais, sequer em devaneios, vi a minha seleção massacrada, apanhando de cabeça baixa como se estivesse diante de algo fatal  que não admitisse reações.  


Como sempre, surgem as teorias destinadas a justificar, a informar e descobrir ratos no porão. Malícia, insensibilidade, desejo de frustrar a possibilidade de renascimento, não sei. Apenas percebo que é mais fácil produzir mirabolantes versões, esperar suas consequências que aceitar falhas técnicas e estruturais sinalizadas repetidas vezes.


Diante de sucessivas "Teorias da Conspiração" fazemos memória da angustiante indagação de Hamlet: “Ser ou não ser eis a questão? Será mais nobre suportar na mente as flechadas da trágica  fortuna, ou tomar armas contra um mar de obstáculos e, enfrentando-os, vencer?” E para nós? Será mais fácil dar crédito a tantas histórias que inundam o imaginário popular que aceitar a fragilidade da nossa seleção?



É evidente que não podemos ser ingênuos ao ponto de imaginar futebol como um simples esporte. Não dá mais para acreditar em pessoas que gostam, tem talento e jogam. Há muito que ser jogador, empresariar, dirigir e presidir times ou instituições afins, transformou-se numa incrível fábrica de fazer dinheiro. 

As cifras astronômicas, os meninos  metamorfoseados em multimilionários, as transações que se superam a cada dia, a sede de lucros, os empresários do meio, as potências em forma de federações “mantenedoras” do esporte, tudo isso concorre para que haja margem, possibilidades reais/concretas,  para os mais impressionantes esquemas cujo objetivo é $$$$$$$$$$$$$ faturar.
 


Não é tranquilizador afirmar que naqueles terríveis 90 minutos a seleção foi de uma incompetência sem precedentes. Infelizmente os valores individuais ali posicionados não conseguiram superar as individualidades. Cada um tornou-se uma ilha, uma barreira intransponível, impossível de ser vencida pelo conjunto. Não há material de provas e sim evidências de que a fogueira das vaidades parece ter consumido a tudo e a todos, exceto, a FIFA.

A poderosa FIFA deixou claro não ter vindo ao Brasil para ver jogos. O faturamento superou as expectativas e sugere ter sido mais que suficiente para que, ao deixar o Brasil, Joseph Blatter declarasse ter "o País realizado a Copa das Copas".
 


Infelizmente o futebol brasileiro não acompanhou “o sucesso”,  o sol brilhou, verdadeiramente, para a Alemanha. Restou-nos o cancioneiro, a música a nos consolar: " Se sofri ou se chorei, o importante é que emoções eu vivi." É verdade, foram muitas. A emoção de ouvir milhares de vozes cantando o Hino Nacional, a alegria de ver rostos cheios de paixão, esperança...

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