Quem sou eu? O que faço

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João Pessoa, Paraíba, Brazil
Quem sou? O que faço. Sou Maria de Lourdes, tenho, agora, 62 anos, esposa, mãe e avó, formação jurídica, com pós graduação em Direitos Humanos e Direito Processual Civil, além de um curso não concluído de Filosofia. Conheci os clássicos muito cedo, pois não tinha permissão para brincar na rua. Nosso universo – meu e de meus irmãos – era invadido, diariamente, por mestres da literatura universal, por nossos grandes autores, por contistas da literatura infanto-juvenil, revistas de informação como Seleções e/ou os populares gibis. Todos válidos para alimentar nossa sede de conhecimento. Gosto de conversar, ler, trabalhar, ouvir música, dançar. Adoro rir, ter amigos e amar. No trabalho me realizo à medida que consigo estabelecer a verdade, desconstruir a mentira, fazer valer direitos quando a injustiça parece ser a regra. Tenho a pretensão de informar, conversar, brincar com as palavras e os fatos que possam ser descritos ou comentados sob uma visão diferente. Venham comigo, embarquem nessa viagem que promete ser, a um só tempo, séria e divertida; suave e densa; clássica e atual. Somente me acompanhando você poderá exercer seu direito à críticas. Conto com sua atenção.

quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

ZONAS DE CONFORTO


A ARTE DE VIVER DE ESPERANÇA



O ser humano necessita criar nichos psicológicos nos quais possa entrincheirar-se em momentos de desconforto. São inúmeras as denominações atribuídas às essas zonas inventadas assim como, os usos e alcance dessas. As atribulações da vida atual, o corre-corre, a perturbação decorrente das múltiplas escolhas que somos obrigados a fazer nos leva a construir vias alternativas, comuns ou individuais.


Observar o que se passa ao nosso redor pode nos dar pistas dessa criatividade que alcança homens e mulheres, independentemente de classe social, condição financeira, sexo e opção sexual, cor, condição cultural, idade. 

Acredito que cada um tenha uma forma própria, para lidar com suas frustrações, desencantos, ausências, decepções... Há muito ouço uma velha expressão: “ o ano passado foi melhor”. Não sei até onde podemos crer na afirmativa, talvez funcione em oposição aos amores. Sempre escuto dos que amam “ser aquele, o amor vivido naquela ocasião”, o grande amor de sua vida, não obstante tenha vivenciado outras histórias.


Nada mais desanimador que ouvir um “não” quando se necessita desesperadamente ouvir “sim”. Difícil encarar resultados que tira da gente a certeza que habitava em nosso íntimo. O que dizer então das sucessivas privações dos desejos, da ausência repetida de satisfação das necessidades?


O querer, o desejar, poderá ser vivido, no âmago de cada pessoa sem que aconteça realmente, ou seja, sem exteriorização dessa realização. A essa capacidade de auto enganar-se se dá o nome de FANTASIA, um dos artifícios que a mente humana produz para atender a necessidade de viver algo, ser parecido com alguém, ter alguém, enfim, reinventar seu dia a dia, sua história.


Quem não fantasiou? Quem não se imaginou naquele emprego tão maravilhoso que parece ter sido feito exatamente para si? Quem não se imaginou dentro de uma roupa de grife ou pilotando um carro de luxo? Quem não se viu nos braços daquela criatura “dos deuses” que, em determinados momentos foi alvo dos mais profundos desejos? Imaginação, é  o passaporte para essa terra de ninguém.  

 
E como já dizia o meu Pai: “ Pensamento é terra que ninguém anda”. Cada um imagina o que quer e às vezes o que não quer. A mente humana, pelo menos até agora permanece individualista. Viajar nas asas da imaginação tem sido válvula de escape para muita gente. Sonhar acordado é algo que mexe com o equilíbrio e conforme o sonhador ou a sonhadora pode ter resultados benéficos ou não.


Existem muitas outras estratégias para tratar a realidade, entre elas o ESQUECIMENTO.  Algumas pessoas esquecem, rapidamente, aquilo que lhes incomoda. Ou pelo menos aparentam esquecer. A idéia é assemelhada a de tampar ou ouvidos. Se eu não escuto o que me incomoda não irei me aborrecer. Esquecer aquilo que me é desagradável vai devolver-me a serenidade daquilo que me é favorável, agradável e concorde.
De bom grado deixaríamos de lado tudo o que se opõe a nossos sentimentos, desejos, necessidades. “Esquecer” funciona como um placebo, não cura, mas, oferece o bálsamo indispensável às inquietações. O esquecimento proporciona o analgésico que tira a dor, mas não trata a doença.



Na diversificada criação da mente humana uma se estendeu por toda a humanidade. É utilizada com ou sem justificativa. Infelizmente muitos a usam compulsivamente. Falo da MENTIRA.  Imaginem uma ocorrência que paira sobre todos. Pode ser algo suave, repentino, sem maldade. Também acontece em condições de extrema maldade, por pura diversão, por provocação e ou simplesmente necessidade de controlar o ambiente, as pessoas, questão de poder.

A mentira pode servir para adiar uma resposta difícil, para afastar uma pretensão, para livrar-se de algo inoportuno ou até mesmo para brincar. Infelizmente, a busca pela tranquilidade, pelo conforto da pessoal (mental) poderá fazer com que surjam mentiras graves e que tragam consequências desagradáveis. Dizer que a mentira tem pernas curtas é dar-lhe uma fragilidade nem sempre confirmada. Afinal, mentirosos podem ser exímios naquilo que fazem, saírem-se muito bem e, ao ser descobertos de nada mais vale a verdade encontrada pois a mentira já surtiu o efeito desejado.




Felizmente, o ser humano, talvez até imersos em Livros Sagrados, cunhou a ESPERANÇA. Questiona-se o que vem a ser essa zona de conforto imaginária? Funciona mais ou menos como uma projeção para o futuro – não muito longe – daquilo que queríamos para o agora, o já.



A esperança é algo tão confortável, tão fantástico, que é capaz de existir por anos a fio, sustentar sonhos, ilusões e ainda proporcionar alegria pela simples lembrança de que o desejo será um dia satisfeito. 



Aguardar o que mais se deseja, confiantemente, é algo que não tem preço. Nós, brasileiros, já fomos rotulados com a seguinte frase: “Brasileiro Profissão Esperança”.   A origem dessa expressão foi à peça escrita em 1966 pelo grande Paulo Pontes. Produtor, Escritor e Dramaturgo Paraibano, nascido em Campina Grande. A obra em si fala sobre Antônio Maria e Dolores Duran, de como suas vidas estiveram o tempo todo vinculadas. Entretanto, a mensagem, o eco detectado no letreiro o fez repositório de uma condição típica à brasilidade: a assunção da Esperança.




A peça foi escrita numa época de efervescências sociais e políticas cujas mudanças,  ocorridas a partir de 1963, fomentavam sonhos e montavam ilusões. O título forte, significativo, gerou na cabeça de muitos quase que um comando: saber esperar, ter esperança. O sucesso da peça, levada aos palcos em sua primeira montagem no ano de 1970, mais que uma expectativa, trouxe implícito o êxito capitaneado pelas interpretações de Maria Bethânia e Ítalo Rossi, sob a direção de Bibi Ferreira.


Em 1974, uma nova montagem de “Brasileiro, Profissão Esperança” trouxe Paulo Gracindo e Clara Nunes, também com a direção de Bibi Ferreira. Sucesso de palco, povo, crítica, já reconhecido e aclamado, mexia com a imaginação de todos desde a mera menção de seu título. Apenas a sugestão já se fazia suficiente para atiçar o imaginário de todos, do intelectual ao iletrado.



A esperança é o último dos nichos de conforto fabricados pela mente humana a deixar-nos. Esperamos dias melhores, maiores realizações, o sucesso de nossos entes queridos, a saúde, a paz o amor. Esperamos também ver, um dia, mais honestidade, ética, verdade, compromisso, foco... . Enfim, temos ESPERANÇA em nos mesmos, em nossos jovens, em nossas crianças, em nossos experientes idosos. Somos tão esperançosos que insistimos na busca de bons representantes para o povo, de melhores oportunidades, de uma divisão justa da riqueza e, também, de que venhamos um dia alcançar consciência social, tão propalada quanto usurpada.



Ter ESPERANÇA é acreditar que um dia combater-se-á, realmente, a corrupção; é ter fé nos bons propósitos emanados de pessoas éticas, corretas; é crer em investimentos, em curto espaço de tempo, nas áreas  de educação, saúde, segurança e tecnologia, comparáveis ao que hoje se investe para o evento copa do mundo; é confiar na adoção pelos governantes de políticas de geração de empregos e rendas, que melhorem a qualidade de vida das populações.



TER ESPERANÇA É ENXUGAR O PRANTO, CONTER O GRITO, SUFOCAR A DOR E ESBOÇAR UM SORRISO, NA CERTEZA DE QUE, UM DIA, NÃO IMPORTA QUANDO,  ESTAREMOS, NOVAMENTE  JUNTOS NA CASA DO PAI.
 
LEMBREM-SE: A ESPERANÇA NÃO É SÓ A ÚLTIMA QUE MORRE, É PRIMEIRA QUE NASCE QUANDO MORREM AS POSSIBILIDADES HUMANAS.



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